quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

ansiedade

ANSIEDADE
Quis, queria, quisera
Continuo querendo
Vou querer sempre
Enquanto houver uma célula
Que possa manifestar esse querer
Provocando choro
Sorrisos também
A vida é querer
Querer é viver
Queria morrer
Porque o que eu quero
Não posso mais Ter
Mas querer não é poder
Quero o que não posso
Posso o que não quero
Por que?
Não posso Ter o que quero?
Me livrar do que não quero?
Me falta motivação
Sobra ansiedade
Falta prazer
Sobra sofrimento
Essa falta de querer
É sobra da falta de um querer maior
Que não me quer
Quando vou me livrar desse querer?
Quando terei um querer que me faça feliz?
Sonho querer com motivação
Sem ansiedade
Quando?

ganhar e perder

GANHAR E PERDER
Ganhei o que não sabia
Que poderia existir
Tão cheia de qualidades
Veio pra mim a sorrir

Amiga e solidária
Me amou como a amei
Corajosa e humilde
Era mais do que sonhei

Sensível, inteligente
Me apoiava com carinho
Enfrentava o difícil
Punha flores no caminho

Foram tempos de aventura
De amor apaixonado
Com amor e com ternura
Caminhamos lado a lado

De repente a luz apaga
Sinto forte a escuridão
Fui levado pelas trevas
Desapareceu o chão

Como mistério ela veio
Do mesmo jeito partiu
Me levou para as alturas
Ao ir, meu mundo ruiu

Ela se afastou de mim
Ficou no meu pensamento
Levou a felicidade
Me deixou o sofrimento

Senti falta da mulher
Da amiga, da companheira
Da coragem que ela tinha
De sua beleza brejeira

Pensei que adoecera
Agora sei que morreu
Ficou o corpo bonito
O importante faleceu

Viver sem o que ela foi
Foi um martírio profundo
Foi fantasia real
Esperança para o mundo

Sinto uma saudade enorme
De tudo que aconteceu
Perder tal grandiosidade
Destruiu o mundo meu

Só resta sobreviver
Viver do jeito que der
Esperar outro milagre
Ser o que a vida quiser

Foi como sonhar a vida
Linda, doce, admirável
E acordar dentro de um brejo
Em situação miserável.

engano

ENGANO
Acreditei dirigir
O meu viver pela vida
Que fazia meu de-vir
Que ritmava a batida

Infringi alguns sinais
Dirigi na contra-mão
Briguei contra preconceitos
Fui amante da razão

Retas, curvas, solavancos
Muitas serras no caminho
Chorei com olhos e mente
Vivi amor e carinho

Desconfio que não fui
Diretor de minha vida
Fui levado a viver
Autonomia iludida

Hoje sei que nada sei
Nem sei se sei o que sei
Vivi tudo o que senti
Mudei muito o que pensei

Razão controla o querer
Vontade satisfazer
Sem razão ela domina
Leva o prazer a sofrer


Vivo sozinho
numa casa sem guardados
Pensando, sentindo
E analisando dados
Vivendo a solidão
O bom do passado, longe
A dor da saudade, aqui
No passado a referência
Para reforçar a dor
Do que se foi, me deixou
No vazio do desamor
Vou da sala pra cozinha
Grito a revolta e a dor
Berros meus e só pra mim
E que ninguém pode ouvir
O grito rompe o silêncio
Querendo matar a dor
A loucura desvairada
Por Ter perdido o amor
Café em goles miúdos
O cigarro busca a chama
A fumaça se enrola
No mistério, sua trama
Impossível entender
O porque, o que causou
Tamanha reviravolta
Na vida que me levou
Ontem eram gargalhadas
Hoje o choro dominou
Gritos com força gritados
Tentando expulsar o que
Me deixa os olhos inchados
O coração apertado
Conceitos estropiados
A razão luta, resiste
Busca restabelecer
O domínio do entender
O final deste sofrer
Passos lentos pela casa
Paradas pára gritar
Braços que buscam o alto
Querendo a dor expulsar
Loucura? Quem sabe é
Quem pode saber se não
Os loucos não sabem ser
Talvez nunca saberão
Enquanto não esclarece
Grito minha solidão
Sigo gastando os passos
A mente em turbilhão
Tento racionalizar
Lutando contra a emoção
Grito para dominá-la
Ela me joga no chão.
Já que a vida não para
Já que é impreciso viver
Vou continuar gritando
Pra acordar o meu viver
“Pooooooorraaaa de Viiiiiiiida!”
“Por que cobra tanto pelo que deu?”
“Filha da puuuuuuuuuuuta!”

quem... o que?

QUEM...O QUE?
Me ocorreu questionar
Quem sou e o que já fui
Sou alguém que quer viver
Já fui muitos, vários fui
Verdades se transformando
Mentiras mostrando ser
Verifiquei quantos erros
Se consegue cometer
Na busca do acertar
Estar certo pretender
Fui constatando meus erros
Sofrendo o constatar
Me sentindo pequenino
Envergonhado ao errar
Lutei para aprender
Sobre os erros caminhar
Usando-os como escada
Para mais alto chegar
Caindo pelo caminho
Retomando o caminhar
Compreendendo que a vida
É um eterno lutar
Buscando realizações
Fracassos acumular
Sorver sôfrego o sucesso
Fracasso minimizar
Deleitar-se com o sonho
Sofrer o realizar
Felicidade vivida
Não causa maior prazer
Se não estiver presente
É apatia ou sofrer
Viver é metamorfose
É um eterno mudar
Desmentindo o que foi certo
Na busca do acertar.

sonhos

SONHOS
Sonhando eu fui feliz
Sonhando eu viajei
Por lugares só sonhados
Que em meus sonhos eu moldei
Sonhei gente solidária
Humildade eu sonhei
Sonhei amores ardentes
Muita amizade sonhei
Ah! sonhos como são bons!
Se é feliz ao sonhar
Sonhar realizações
Realizados chorar
Realidade é veneno
Pra sonhos envenenar
Transformando o grande amor
Em motivo pra chorar
A humildade, coitada
Prepotência vai virar
Sonhar solidariedade
Ver egoísmo grassar
A amizade sonhada
Em traição vai virar
Portanto, matar um sonho
É o sonho realizar.

subutilização

S U B U T I L I Z A Ç Â O
Quanta terra
Sobra terra falta terra
Sobra fruta no pomar
falta a fruta na cesta
Me obrigo a reclamar
Ô desiquilíbrio besta
O abacate cai do pé
Suja o chão do terreiro
Na cidade uma criança
Cuja mãe tem muita fé
Sofre a falta de frutas
Desnutrição por inteiro
Já o filho do colono
Que tem fruta e cereal
Vai sentir o abandono
Se precisar de hospital
Grandes extensões de terra
Para alimentar o gado
Outras plantadas com cana
Pra movimentar os carros
Enquanto isso na mesa
Do povo desamparado
Sobra mesa
Falta pão
Sobra promessa
Falta solução
Fica difícil ter fé
Em santo ou religião
Se deus inundou a terra
Para a injustiça cessar
E incumbiu o Noé
Da raça purificar
Ou Deus não soube escolher
Ou Noé pisou na bola
O pobre segue pedindo
O rico recebe a esmola
Ou será que o defeito
Estará na criação
Pois Deus ao criar o homem
Dando-lhe autonomia
Esqueceu-se de lhe dar
Coerência na ambição
E uma justiça sadia

sertanejo

S E R T A N E J O
Escolheram o dia três de maio para comemorar o dia do sertanejo. Como qualquer dia de comemoração: dia das mães, dos pais, dos farmacêuticos, etc., é apenas uma data comemorativa; pois sabe-se que todos os dias o são de todos eles.
Ser sertanejo é mais que ter nascido e vivido no sertão. Ser sertanejo é ser simples. É associar a CHALANA com o amor perdido por nossa própria culpa.
Ver na CABOCLA TEREZA a mulher que nos abandonou e que preferiríamos vê-la morta à vê-la feliz nos braços de outro.
Chorar com SAUDADES DE MINHA TERRA relembrando ou simplesmente imaginando o canto dos pássaros, a lagoa de águas cristalinas, os regatos cortando as campinas, das festanças com danças e lindas meninas.
Reconhecer os milagres da fé na SENHORA APARECIDA, gerando curas ou consolando perdas irreparáveis.
Divertindo-se com a matreirice do MINEIRO aplicada no ITALIANO, reconhecendo que simplicidade não significa incapacidade mental.
Perceber a intensidade da amizade entre dois homens e o sofrimento pela separação causadas pelas mortes de CHICO MINEIRO e FERREIRINHA, mostrando que um amigo pode representar mais que um parente.
Ser sertanejo é sonhar com a possibilidade de um dia chegar a ser REI DO GADO ou do CAFÉ e reconhecer que as aparências enganam.
É chorar sobre um FIO DE CABELO a dor da perda da mulher amada.
É sofrer em dobro ao, num ato de desespero, rasgar o RETRATO da mulher amada que se foi e não voltou.
É fazer o JULGAMENTO da imbecilidade do homem, que se empenha na criação de armas, causa acidentes e grandes catástrofes, ao invés de procurar cura para os doentes e amparo aos idosos.
É ter consciência que parentesco é um simples fato biológico, que o importante é o amor entre os indivíduos, que um FILHO ADOTIVO pode amar mais os pais, que outro biológico.
É morrer de rir ao ver que O PALCO CAIU, por não suportar o peso adicional da morena que nele subiu para cantar com o cantor.
É a capacidade de suportar as inclemências, só abandonando a terra natal no ULTIMO PAU DE ARARA, retornando para ela com A VOLTA DA ASA BRANCA.


SER SERTANEJO É SER SIMPLES.......SIMPLESMENTE!

senhores adultos

SENHORES ADULTOS

Por favor, não permitam que façam comigo o que fizeram com vocês.
Ensinem-me a respeitar a natureza e ser natural.
Ensinem-me a utilizar a inteligência, inclusive para entender que sou uma criatura sensível e que essa sensibilidade é que me fará sentir felicidade, infelicidade, angústia, prazer.
Ensinem-me a valorizar e acentuar ao máximo os sentimentos bons, criando defesas que me permitam sofrer o mínimo possível com aquilo que seja inevitável.
Ensinem-me que o amor é a coisa mais importante do mundo. Que ele é um sentimento bom e como tal, não deve ser condicionado. Ensinem-me a senti-lo em toda sua plenitude, sem reprimi-lo. Que ele não é extingüível e pode ser distribuído por infinitas pessoas e coisas, com abundância.
Não poluam minha mente com preconceitos, que me diminuam a capacidade de racionalizar.
Ensinem-me a corrigir os erros que vocês e seus antepassados cometeram e mais que isso, não repeti-los.
Ajudem-me a ser gerador de felicidade e quem sabe, vocês mesmos ainda poderão beneficiar-se daquilo que eu fizer.
VIVA A VIDA!

será?

SERÁ?
Como o amor pode ser tão bobo?
Como pode contentar-se com tão pouco?
Será que se contenta?
Por que se deseja tanto a que não se tem?
Um simples toque de uma porção mínima de pele
é o suficiente para fazer o sangue ferver
Segurar sua mão
Enlaça-la pela cintura
Sentir seu calor
Roçar seu rosto com o meu
Flutuar pelo salão ao som da música
Sentir a excitação do sexo
Apertando-se contra ela
Deslizar suavemente a mão por sobre o véu
que cobre suas costas
Buscar uma abertura
Sentir a ponta dos dedos roçando sua pele
Estremecer
Real ou imaginação?
Sinto que ela reage e me aperta suavemente
Erra os passos, sai do ritmo
Será verdade?
Será que também me quer?
Pede para parar de percorrer suas costas
com a mão que tenta sentir cada célula
daquele pedaço de corpo
Pede para parar, demonstrando o contrário
A voz sai-lhe fraca
Digo que não posso atendê-la
Não faz nada para fugir
Sinto um leve aperto
Por que sinto tanta felicidade
se nem ao menos sei se é real ou imaginação?
O que ela é?
Insegura?
Atriz?
Sádica?
Sonho tê-la nos braços
Acaricia-la suave e lentamente
Percorrer todo seu corpo
Célula por célula com as pontas dos dedos
Sentir as sensações percorrendo meu corpo
até chegar ao cérebro onde guardarei uma por uma
Sentir seus gostos e cheiros
Entrar em suas cavidades
Buscar no seu interior
As mais fortes sensações
Ir do murmúrio ao grito
Escorrer para seu interior
Desfalecer no paraíso

prisão de amor

PRISÄO DE AMOR
O amor está preso no peito.
Seu carcereiro faz tudo para que ele näo tenha o menor contato com o exterior.
Trancou a boca, amarrou a língua, travou os movimentos da musculatura facial.
Porém há movimentos impossíveis de estancar. Os olhos fazem do olhar uma ponte, que deixa que o amor atravesse, gritando sua existência, invadindo através do olhos da amada todo seu ser. O menor contato com a pele da amada, faz fluir esse amor com tal intensidade, que o calor gerado parece queimar o caminho entre esse ponto e o coração.
A que se deve a ineficiência dessa prisão?
O carcereiro se distrai, observando o esforço do amante em tentar descobrir qualquer indício de reciprocidade nos olhos e no tato da amada.
Parece haver tal reciprocidade.
Será verdade? Ou somente a ânsia de que isso seja verdade, causando alucinações?
Como uma jóia rara e preciosa, em comparação a outras comuns, desgastadas pela vulgaridade e não raro falsas, este amor se valoriza ao longo do tempo.
Vencerá o carcereiro ou o amante? Resistirá dito carcereiro à investida da amada, na tentativa de apossar-se daquilo, que sem menor sombra de dúvida, lhe pertence exclusivamente?
Talvez possa resistir se a intenção dela for a de somente aproveitar-se de tal preciosidade. Porém se a investida for transportada pela vontade de unir as paixões, não haverá resistência capaz de vence-la

paissagem

P A I S A G E M

O deserto pode ser bonito. A cor da areia, as dunas, as nuvens, o brilho intenso do sol.
Viajar no deserto é tarefa para quem o conheça. Quem não o conhece pagará caro a ousadia de enfrenta-lo.
Uma floresta densa é um emaranhado de vegetais: árvores, arbustos, cipós, vegetação rasteira; habitada por grande número de animais, desde os insetos até os de grande porte, como as antas e onças. Para enfrenta-la, além de conhecer seus segredos, para evitar o perigo, é necessário estar pronto para enfrentar esse perigo quando for inevitável.
Na caatinga quando há seca, e quase todo o tempo há, o solo fica rachado, o verde foge de lá. O espinheiro castiga quem se atrever a encostar.
Caminhar nessa paisagem é duro pro viajante. Pó de terra, mato seco, espinho e sol escaldante. Alimento é quase nada, tem algum pra urubu, para gente é só achando um pé de mandacaru.
Muito triste este cenário, mas haverá quem se agrade, suportando näo sei quanto a dura realidade.
No vale do ribeirão. Escondido nas montanhas. Há muitas flores mimosas, arbustos, capim e grama. A água ora segue mansa, ora despenca nas pedras. Percorrendo a sombra fresca, ou reflete a luz do sol.
Borboletas preguiçosas, enfeitando a folhagem. Passarinhos vão e vem com suas asas ao vento.
O peixe nada tranqüilo se estranhos não houver, ou se esconde do perigo, se este sobrevier.
Caminhar neste cenário é a visão da maravilha.
Para o espírito há paz.
Para o coração, encanto.

possuir x desfrutar

POSSUIR X DESFRUTAR

A flor está ali.
Se esticar o braço posso alcança-la.
Porém ele teima em ficar retraído.
Qual o crime em alcança-la?
Nasceu como muitas outras: silvestre.
Por que tenho a impressão que a estou roubando de alguém?
Ela não tem dono.
Nenhuma tem.
O fato de estar no terreno de alguém, não dá o direito a esse alguém de julgar-se seu proprietário.
Por que ele não se contenta em desfruta-la todo o tempo possível?
Por que impedir outrem do mesmo prazer?
A adoração de um não anula a do outro.
Por que não permitir a ela o frenesí da adoração total?
Por que não permitir que ela possa dobrar sua capacidade de exalar perfume, premiando assim seus adoradores?
Se fosses pássaro poderias pousar em mim ajudando-me na decisäo.
Te acariciaria sem prender-te.
Tua ida me machucaria porém teu prazer pela liberdade faria sorrir minha dor.
Todos deveriam protege-la para que pudesse viver intensamente ao abrigo daqueles que quisessem ostenta-la, ainda que para isso pudessem feri-la.
Ela está lá.
Eu aqui.
Até quando?

olhares

OLHARES
Olhares cruzados
Fazendo sonhado
Acariciar carinho
Montar sonhando
A vida com luz
Carícias na pele
Saliva saliva
Pêlo na pele
Pescoço mamilo
Pele no pêlo
Saliva no muco
No semem
Trocando suor
Nos dedos, na pele
Te sinto escorrer
Te bebo deságuo
Escorres em mim
Me afundo em ti
Até desfalecer

angústia

ANGÚSTIA

Maldito peito apertado
Que não aprende perder
Querendo quem não merece
Insiste forte em sofrer

Razão te diz não merece
Esquece e segue caminho
Procura quem te mereça
Te acolha com carinho

Não chores por ti
Sim por ela
Que se nega desfrutar
O que lhe das com ternura
Do troco sem esperar
Mais que solidariedade
Carinho no namorar.

Deixa que siga sua sina
Deixa te leve a razão
Não chores, busca alegria
Deixa livre o coração.

Busca quem te agasalhe
Te dê ternura e amor
Carícias suavemente
Que te livre dessa dor

Lava a alma com teu choro
Joga pra fora a saudade
Limpa o caminho e caminha
Buscando a felicidade

Não importa onde ela fique
Ficou por quis ficar
Quis, não quis, nem ela sabe
Perdida vai caminhar

Não deixes que isso te afete
Deixa a dor que te causou
Reserva o que tens pra outra
Vira vida, vida virou

Razão como eres fraca!
Não podes com a emoção
Não entende o que dizes
Rejeita argumentação.

Se não consegues deixar
Dessa angústia sofrer
Padece o choro sofrido
Sofre e chora o padecer

Talvez te ampare a morte
Talvez te leve a loucura
Pior, se vivo não loucas
Terás lúcida amargura

esperar

ESPERAR

Antes de ter você
Eu pensava ter sentido
Tudo que um homem pode
Sentir por uma mulher

Com você eu percebi
Que os anos já vividos
Foram a preparação
Para viver o infinito

Com você eu vi que a vida
Vai além do já vivido
Vou em frente, vou vivendo
Nunca me senti tão querido

Ficar sem você me deixa
Sem rumo na solidão
Como se a vida parasse
Imersa na escuridão

Minutos parecem horas
Horas, semanas sem fim
Espero ter-te a meu lado
Você é vida pra mim

Ter você é viver sonho
Vivo pra satisfazê-lo
A distância me maltrata
Vivo só o pesadelo

Volta logo que puderes
Vem livrar meu coração
Acender a minha luz
Me tirar da solidão.

A vida sem sonhos
É pesadelo


Realizar um sonho
É mata-lo.
Ou substitui-lo?


Muitos sonhos e fantasias
Seriam lindas realidades
Não fosse a auto escravidão.


Quem não se atreve a realizar
Sonhos
Não merece tê-los


Dê a quem não merece
Orgulhe-se de
Ter alimentado um monstro


Para quem sonha e
Tenta realizá-los
Faltará saúde e músculos
Nunca juventude.


Lembranças só são
Significativas
Pra quem deixou de viver.

Não importa que vá com outro
Leva saudades de mim

solidão

SOLIDÃO
Solidão estás comigo
Mesmo eu não te querendo
Pareces sorrir de mim
Por ver que estou sofrendo

Por que não me abandonas
Fazendo como ela fez
Liberta-me para que eu ame
Ao menos mais uma vez

Não te rias do meu choro
Deixa de me magoar
Não me firas tão profundo
Livra-me deste chorar

Perdi a quem amo tanto
Minha razão de viver
Vou chorar enquanto viva
Na saudade vou morrer.

falta

FALTA
Esperei, não veio
Torci, perdi
Não tô legal
Me falta algo
Falta você
Alguém
Falta vitória
O tempo passa
Não volta mais
Se te buscar, posso perder
Se não, também
Fazer o que?
Por que não pode a emoção
Rolar sem interferência?
Por que é preciso jogar?
Será que é melhor?
Vazio de hoje
Fermenta o ter amanhã?
O de hoje é certo
Investirei no amanhã
Como?
Correr, grita, pedir?
Tramar, disfarçar, chegar?
Serenidade é preciso ter
A razão a trabalhar
Emoção sob controle
Para o ruim não ganhar
Abrir caminho pra boa
Pra que ela possa rolar
Sem barreiras e sem freios
Sem ter lugar pra parar
Sei disso e tento fazer
Mas vejo que o tempo passa
Vida mal aproveitada
Quero tê-la em meus braços
A sua boca beijar
Seu corpo apertar em mim
Fazer o meu latejar
Querer, quero, mas não tenho
Não é que não possa ter
A dúvida faz sucesso
Faz segurança tremer
Já tive e posso ter
O que não falta é eu querer
Será que ela também quer?
Que tamanho esse querer?
Dúvida, dúvida, dúvida
Não sei o que é pior
Ter-te assim tão presente
Ou a certeza é melhor?
Mesmo que seja um não?
Não será isso pior?
Enquanto não há certeza
Dúvida vai livremente
Machuca minha saudade
Aperta meu coração
Embaralha minha mente
Sei que pode me querer
E talvez me queira mesmo
Talvez tenha se iludido
Imaginado melhor
Enquanto a dúvida fica
Fico eu numa pior
Esse tempo que passou
Sei que não volta jamais
Enquanto vida houver
Ele virá, passará
Torço que carregue amor
Que eu o possa aproveitar
Com prazer felicidade
Minha vida melhorar
Melhora vida, melhora!
Dá sumiço ao meu sofrer
Se há prazer no caminho
Por que tanto padecer?
Já sofri mais do que hoje
Como será o amanhã?
Me apoio na esperança
Espero não seja vã.
RENASCER

Estava morto vivendo
Só faltava a sepultura
Aí conheci você
No começo só ternura

Dois olhos azuis tão lindos
Entraram no meu olhar
Invadiram minha alma
Me fizeram delirar

Não resisti, fui chegando
Me aproximando de tí
Achei que era loucura
Porém eu não resisti

Já estava te amando
Com o fogo da paixão
Você “não fazendo nada”
Amarrou meu coração

Fui sentindo teus sabores
Teus cheiros e teu calor
Fui sentindo o teu gosto
Aumentando o meu amor

Agora é loucura pura
Quero você a todo instante
Sentir teu gosto teu cheiro
Não posso ficar distante

Minhas mãos te percorrendo
Em busca do teu tesão
Encontram, ficam molhadas
É a loucura da paixão.

Impossível ficar fora
É preciso penetrar
Fazer loucuras nas nuvens
Até o gozo gritar.

A calma volta tranqüila
Me olho no teu olhar
Me colo na tua pele
Num gostoso relaxar

paraquedismo

PARAQUEDISMO

O ronco ronca correndo
A terra começa a andar
Corre pra trás, fica em baixo
O ronco sobe no ar

Cabem mais coisas no olhar
Preto, verde, marrom, branco
Plantações, casa com lago
Terra, trilhos, cerca e gado

Coração de deslumbrado
Começa forte a saltar
Altura, como tá alto!
Ronco sobe sem parar

Sobe porta, vem o vento
O ronco vem me abraçar
Aperta o peito
Dilacera o coração
Cai o olhar no vazio
Medo vem me segurar

Vem coragem insegura
Luta o medo valente
Cambitos saem para o vento
O medo cai de repente

Caem os olhos no vazio
Estrondo abre o tecido
Retas lisas convergentes
Sustentam satisfação

Felicidade aconchega
Coração no seu regaço
Olhar todo espalhado
Vibrações por todo lado

A terra que vem subindo
Preto, verde, marrom, branco
Sobe o pasto, o lago, casa
Sobe a cerca no olhar

Circunferências com centros
Ambos no mesmo lugar
Cinza, marrom segue verde
Pra receber o olhar

Vibra o tecido no vento
O coração quer saltar
A terra sobe ligeira
Querendo pés alcançar

Alcança e segura firme
As retas vem se enrolar
Com tecido, pedra e grama
Euforia a dominar

saudeade

SAUDADE

Saudade, só te matando
Aonde vai me levar?
Só não te mato porque
Não sei como te matar

Ela me fez muito mal
Muito mais que o necessário
Pra aniquilar um sujeito
Muito forte ao sofrimento
Que dizer quanto a mim
Emocionado esperando
Sua mudança necessária
Para ser o que eu queria
Queria não, precisava
Para continuar vivendo
Com toda felicidade
Que poderia me dar

No entanto, por não poder ser pessoa
Não podendo se livrar
Dos engramas cultuados
Pode não estar feliz
Mas me deixou arrasado

Mas que nada
O tempo passa
Passa e vai me corroendo
Eu espero
Ela se nega
Ela segue vegetando
Eu de amor vou morrendo.

lucidez

L U C I D E Z

Te vesti com a fantasia
Que minha cabeça fez
Porque te pintaram forte
E com muita lucidez

Amei minha fantasia
E foi assim que te amei
O tempo se encarregou
De me mostrar que errei

Percebi que és comum
Nem tanto como as outras
Mas sem tanta diferença
Que te faça como poucas

Tua força nåo é tanta
Nem tampouco a lucidez
Percebi que estava errado
Errara mais uma vez

Porém o amor continua
E sofro por nåo te ter
A verdade agora é nua
Mas o amor nåo quer ver

Nåo mais é a fantasia
Como o dôce do mel
Pois agora estou amando
A verdade que é cruel

Me alegra ter te amado
Nåo sei se é bom te amar
Fui feliz tendo-te ao lado
Agora posso chorar

Se me queres diz agora
Pouco é o que posso dar
Se nåo queres arremata
Procurarei nåo chorar.

sementeira

SEMENTEIRA
Em mim plantaram
Sementes comuns
Respeitar os mais velhos
Os santos e Deus
Mulheres såo frágeis
E homem nåo chora
Ha que trabalhar
o mais que se possa
Rezar com fervor
sem questionar

Amei fui feliz
Sofri por amor
Me meti a pensar
e sofri a dor
Arei meu campo de preconceitos
E plantei inteligência
Produzi muitas idéias
Condenadas a morrer
Por falta de aproveitamento
Meu amor é bem maior
E me faz sofrer demais
Pois nåo querem me entender
Acreditam que plantei
Uma roça perigosa
E se negam a provar
O que ela pode dar
Quando a emoção invade
Calafrio percorre o corpo
Lágrimas querem rolar
Coração bate mais forte
Sinto então que sou eu
Liberto assim da razão
Total entregue à emoção
Afogado na ternura
Respiro só o amor
Não importa o que olhe
Só consigo ver você.

devagar

D E V A G A R

Caminhamos lado a lado
lentamente, em paralelo
lado a lado sem tocar-se
num caminhar lento e belo

Por algum magnetismo
o angulo das paralelas
lentamente declinou
fazendo do caminhar
um meio para o encontro
você chegando pra mim
eu andando pra você

nossa pele se roçando
leve e suavemente
teu calor me aquecendo
me fazendo flutuar
num torpor delicioso
te sentindo devagar

Teu respirar me alcançando
como brisa suave e morna
teu semblante adormecido
tua figura me transtorna

Sinto agora que me queres
por amor ou por carência
teu respirar se acelera
aumenta nosso contato
aumenta minha demência

Te percorro lentamente
te sinto cada momento
tua pele é meu caminho
macio, quente, suculento

Teu desejo me enebria
quero muito te apertar
mas o contato suave
faz meu amor delirar

namores

NAMORES

Fui feliz ao crer um dia
Que amar, só uma vez
Busquei o amor e encontrei
Quase sem o perceber
Ele chegou tão bonito
E se alojou em mim
Senti o peito tão cheio
Que mal cabia em mim

Ele chegou novamente
Confundiu minha cabeça
Não senti só alegria
Talvez maior a tristeza
Não podia estar em mim
contrariando a natureza

Se o primeiro ainda estava
Queimando meu coração
Não podia aceitar outro
Implantando a confusão

Não consegui resistir
Fui dominado por eles
Fui feliz em dose dupla
Castigado sem perdão
Jogado à margem da vida
Sem nenhuma compaixão

Nem as amadas souberam
Dar valor ao que sentia
Me acusaram leviano
Perdi qualquer serventia

Hoje sou a incoerência
Por amor sofro demais
Não por falta, ao contrário
Por ter muito e não ter mais

por que?

POR QUE?

Por que eu amo você?
Não sei, só sei que te amo
Sonho você junto a mim
Junto a você vivo um sonho
Quero apertar você
Te acariciar suavemente
Te tocar me faz vibrar
Deliro com teus carinhos
Adoro te excitar
Me lambuzar em você
Deslizar na tua pele
Sentir tua boca tremer
Entrar por ela em você
Sentir a minha na sua
Teu calor absorver
Sentir teus lábios e língua
O interior efervecer
Deslizar pelo teu corpo
Sentir nas pontas dos dedos
A seda de tua pele
Papilar todos teus gostos
De umidade ou liquidez
Ver tua expressão de prazer
É algo indiscritível
Teus movimentos gemidos
Sentir você escorrer
Molhando pelos e pele
Até o choque aparecer
Te sentir desfalecida
Flutuando no torpor
Tudo isso é delirante
Só possível pelo amor!

sinto

S I N T O

Assisto teu coração
Pelo canal dos teus olhos
Neles já vi amargura
Tristeza e solidão
Ódio e melancolia
E até desilusão
Já senti o seu pulsar
No teu peito junto ao meu
Regado por lágrimas amargas
Que me fizeram tremer
Apertando-te em meus braços
Com sabor de sacrilégio
Usando teu desespero
Para sentir teu calor
Hoje vejo nos teus olhos
O amor que tens pra mim
Ou será o meu delírio
Na febre desta paixão
Se confirmares o amor
Explodirá o meu ser
Espalhando alegria
Pelos quadrantes sem fim
Porém uma negativa
Terá efeito tão ruim
Fazendo meu coração
Não acreditar em mim.

morreu

M O R R E U

Nem conhecia o garoto
Pra mim não tinha nem nome
Morreu!
Coração pula no peito
A amargura não é minha
É a tristeza do irmão
Revolta....contra quem?
Contra o que?
Deus! por que deixaste?
Não tens coração?
O corpo inerte não sente
Não ví seu rosto
Vi seu tênis
Por que não teve direito de crescer?
Quem determina tal coisa?
Estará se livrando de algo?
Ou morreu para que nós pagássemos algo?
Não o conhecia
Sofro pelo irmão, amigo
Ou sofreria mesmo sem irmão nem amigo?
Não sei
Há muito que aprender
Não se sofre por querer
Uns sim, eu não
Ele se vai. Não, se foi!
Irmãos, pais, amigos, ficaram
Todos sofrerão por ele
Um dia passará
Nunca vamos esquecer
Um dia outro será
Por que?

impressão

IMPRESSÅO


As vezes tenho a impressão
De que só gostas de mim
Outras vezes sinto forte
Que tu gostas só de mim

Te amo e amo outras
Sem desmerecer nenhuma
Quero-te junto a meu peito
Quero-te livre como a espuma

Adoro que tu me ames
Deliro se me desejas
Não preciso ser teu dono
Quero ver-te e que me vejas
Como algo mui sublime
De valor inestimável
Que deve ser desfrutado
Como sendo esgotável

Só assim se chega fundo
No curtir esse sentir
Ele está em outro mundo
Que se alcança no fluir

fertil

FERTIL

Tentei te mostrar
Que o amor é mais
Que um simples dizer
Que um pobre cobrar

Amar é dar
Receber o que vier
É a bobeira do homem
A loucura da mulher

Todos sonham com amor
Buscam para encontrar
Só nåo sabem o que buscam
Pois amor nåo é cobrar

adolescência

ADOLESCÊNCIA

A infância me transportou
desde o amor de meus pais
até chegar em você
que me transportará mais

Me leva no teu balanço
me embala no teu carinho
a infância vai com a gente
para alegrar o caminho

Ao chegar na idade adulta
espero ter conhecido
tudo que tens para mim
que nada fique escondido

Vou chegar lá com vocês
mostrando a grande importância
de misturar num só ser
maturidade, adolescência e infância

Quero rir toda alegria
chorar só o inevitável
vou usar a inteligência
vou ser boa e amável

Se você não acredita
me acompanhe no caminho
se preciso vou ser dura
na defesa do carinho

Vou sentir muita alegria
muita vou proporcionar
me ajude no que puder
a meu sonho realizar

Me leva adolescência
vem com a gente minha infância
para expulsar do caminho
a maldita ignorância

escravo

ESCRAVO
Olhando pela janela
Avisto a estrada de terra
Que trás e leva também
Nesse pedaço de serra

Espero tanto e não vem
A esperança fraqueja
Sinto o peso da saudade
Do passado tenho inveja

O motivo dela ir
É mistério sim senhor
Vivemos felicidade
Me derramo nesta dor
A saudade hoje ocupa
O lugar que foi do amor

Eu perdi, ela também
Por que isso acontece?
Não consigo entender
Na vida esse sobe e desce

O amor chega e se instala
Inundando o coração
O resto perde o valor
A vida é só paixão

Quem deixa de ser amado
Sente seu mundo acabar
O sofrimento domina
Lembrança vem castigar
Mostrando a felicidade
Fugindo pra não voltar

Imagino algum ruído
Na janela vou pra ver
Se é ela que está voltando
Não é. É o meu sofrer

Sei que devo esquecê-la
Foi bom mas não volta mais
Não sou mais o seu amor
O que fui ficou lá atrás

Quem me dera conseguir
Me livrar dessa emoção
Tocar a vida pra frente
Sem mágoa no coração

Isso porém não consigo
É bem mais forte que eu
Ela me ocupa inteiro
Escraviza o que foi seu
Me liberte por favor
Deixe voltar a ser eu.

prepotente

PREPOTENTE
Acreditei que era grande
Capaz da vida domar
Destemida me atirei
Na tarefa de ganhar

Fui tentando sem saber
Não saber o que queria
Buscando não sei o quê
Sem perceber que perdia

Joguei o já conseguido
Fiz uma aposta no escuro
Me achei toda poderosa
O contragolpe foi duro

A confusão me domina
Não consigo me encontrar
Busco sem saber o que
Sem coragem de voltar

Gostaria Ter de volta
O que desprezei então
A covardia me impede
Me enterra na escuridão
Não consigo assumir
Voltar e pedir perdão

Não sei se a perda foi grande
O que perdi foi demais
Tremenda felicidade
Que talvez não volte mais
Achei que ia pro céu
Me abracei com satanás

ilusão

ILUSÃO
Eu nasci naquela serra
Bonita e muito altaneira
Nas matas de araucária
Na serra da Mantiqueira

Na fazenda Pinhão Velho
Meu velho pai trabalhava
Plantando milho, cenoura
Mandioquinha e beterraba

Levantar de madrugada
Levar vacas pro mangueiro
Do lampião vinha a luz
Do leite vinha o dinheiro

Fui crescendo e comecei
A lidar naquela terra
Enxada, foice e machado
Eram as armas de guerra

Um dia achei que podia
A minha vida mudar
Resolvi sair de casa
No mundo me aventurar

Saí dali sem destino
Deixando pais e irmãos
Enveredando no mundo
Acreditando nas mãos

Tentei de tudo um pouco
Andei as cegas, sem rumo
Na esperança de encontrar
Na riqueza o meu prumo

Demorei pra perceber
Que a vida exige demais
De quem quer o que não sabe
Se está pra frente ou pra trás
Sem preparo pra enfrentar
Sem saber do que é capaz

Ela aceita o desafio
Arma um monte de arapucas
Mostrando que o que queremos
Exige capacidade, inteligência e lutas

Arranhões e muitos tombos
Me machucaram demais
Percebi minha fraqueza
Desisti, não pude mais

Voltei pra casa chorando
Achei o abraço do pai
Mostrando a sabedoria
De quem resiste e não vai
Buscando a felicidade
De quem luta e não cai

Busquei a vida lá fora
Desprezei o meu torrão
Busquei riqueza e fama
Achando que isso era bom
Buscando lá na cidade
O que estava no sertão

Valeu a pena eu Ter ido
Pois descobri que a vida
Exige muito daqueles
Que escolhem a partida
Sem perceber que são eles
Que causam suas feridas.

estrada II

ESTRADA II
Estrada que leva e traz
Quem mais caminha por ela
A esperança vem depressa
Vai embora na esparrela

Ela vem viva, correndo
Deixando um rastro de luz
Vai embora se escondendo
Deixando o luto na cruz

Por que essa estrada existe
Se não traz o resolver
Ilude a quem espera
Aduba o seu sofrer

Estrada de triste sina
Esburacada de dor
Leva a felicidade
E o enterro do amor

desejo

DESEJO
Entre o que eu gostaria
E aquilo que pode ser
Pode existir um abismo
Difícil de entender

Preconceitos idiotas
Maldades de toda ordem
Impedem que consigamos
Permitem que nos transformem

Aquilo que nós queremos
Se depender de outro alguém
Por mais que nos esforcemos
Pode ir para o além

Querer, querer, só querer
É domínio da vontade
Império do egoísmo
Covardia, crueldade

Meu sonho está num cometa
Correndo pelo infinito
Queria realiza-lo
Não podendo estou aflito

Cometa vaga no espaço
Meu desejo se detém
Eu já fiz o que podia
Ele depende de alguém
Que foge no infinito
Se escondendo no além

Quem dirige o cometa
Arma o desejo também
Brinca de não atender
Faz o que bem lhe convém


O cometa vai ligeiro
O desejo estacionado
Na cauda vai o possível
Desejo fica plantado
Felicidade voando
Tristeza parada ao lado

Por que não morre desejo?
Nasceste para morrer
Teimas continuar vivendo
Causando grande sofrer

cegueira

CEGUEIRA
O que será dessa gente
Sem realidade ver
Acreditando em fantasmas
No que vê não pode crer

Se agarram em raízes
Sem saber o que contém
Seguem-nas como escravos
Sem saber que não convém
Viver sem inteligência
Ao erro dizendo amém

Com muito medo de errar
Passam a vida errando
Criticando quem se atreve
Pensar no mundo mudando
Desprezando preconceitos
Razão e amor carregando

Preconceitos que os cegam
Negando-lhes a razão
Fazendo-os ser escravos
Em cruel submissão
Marionetes de um sistema
Na cidade ou no sertão

Viram tudo pelo avesso
Vêem maldade no que é bom
Bondade no que não presta
Desprezo pela razão
São levados pela vida
Como o dono leva o cão.

Sofrem e fazem sofrer
Como agentes da maldade
Sem culpa do que não sabem
E aceitam como verdade
Como mudar esse estado
De tamanha crueldade?

Deus você é complicado
Por que faz isso com a gente?
Deixa o corpo com saúde
E nos embaralha a mente
Impedindo que a razão
Acabe com a ignorância
E leve o indivíduo em frente.

vida

VIDA
Quantos anos já vividos?
Não sei dizer com certeza
Vinte e cinco se passaram
De alegria, apatia e tristeza

Muita vida em pouco tempo
Muito tempo sem viver
Tempo passa indiferente
Levando a vida ao morrer

O aproveitar o tempo
Depende muito de nós
Fugindo do sofrimento
Escapando desse algós
Buscando a felicidade
Que faz vibrar nossa vós

O tempo que já passou
Não voltará nunca mais
Chora-lo não tem sentido
Ficou perdido pra trás

Valorizar o que vem
Dar-lhe o devido valor
Buscar a felicidade
Empenhar-se com amor
Sentir a vida vivida
Cavalgar no seu calor

Lutar contra a apatia
Contra o que quer derrubar
A vida exige luta
Coragem pra enfrentar
Emoção e pensamentos
Que buscam nos derrotar
O multiplicar a vida
Vivendo anos em dias
Enganando o próprio tempo
Coragem sem covardias
Correr contra o relógio
Vencendo as apatias

retorno

RETORNO
Poder desfrutar o amor
Considerado perdido
Faz a emoção explodir
Valoriza o recebido

É como estar se afogando
Chegando perto do além
Acabando-se as forças
Sem que apareça ninguém

De repente um impulso
Sem saber de onde vem
Nos tira daquela água
Devolve a vida também

Ganhar uma vida nova
Ter nova oportunidade
Saborear cada instante
Esquecer toda maldade
Fazer de cada momento
Motivo pra Ter saudade

Mergulhar profundamente
Nos delírios do amor
Sorvendo todas as gotas
Com paixão e com ardor
Sorvendo a felicidade
Esquecendo toda dor

O sofrimento foi grande
Mas foi pra resuscitar
Sem ele o amor findaria
Sem poder continuar
Agora ele voltou forte
Volto a viver e amar.

penitência

PENITÊNCIA
Ele quer me ajudar
Me enche a paciência
Diz que sou o seu amor
Ele é minha penitência

Diz querer ser meu amigo
Insiste pra conversar
Quer que diga o que não quero
Consegue me apurrinhar

Ainda me livro dele
Vou mostrar capacidade
Mostrar que ele está errado
Comigo está a verdade

Me sufocou tanto tempo
Não sei como agüentei
Tanta encheção de saco
Nesse tempo é que errei

Troquei minha mãe por ele
Pensei que tinha razão
Confesso que agi errado
Desculpe mãe e irmão

Pensei que fosse amor
Mas não passou de engano
Ilusão da apologia
Ou do mistério profano

Agora estou com vocês
Não quero ele pra mim
Vou cuidar da minha vida
Esse amor chegou ao fim.

esperar

ESPERAR
Gostaria de ouvir
Roncar aquele motor
Pneus amassando barro
Trazendo o meu amor

Olho pra estrada vazia
Me aperta o coração
Imagino estar chegando
Vejo que é ilusão

Por que não chega e me acalma?
Pra que tanto esperar?
Se pra me deixar feliz
Só é preciso chegar?

Pareço alguém no deserto
Que viu água na distância
Parece não chegar nunca
É o sofrimento da ânsia

Sinto que ela está bem perto
Quase ao alcance dos dedos
Porém aumenta a distância
Provocada por meus medos

Não vejo a hora de ouvi-la
Falar-lhe do que pensei
Descobrir o nebuloso
Conhecer o que não sei

A estrada segue vazia
Sem marcas naquele chão
As únicas marcas fortes
Estão no meu coração

cagaço

CAGAÇO
Numa noite muito escura
Por uma estrada deserta
Um camarada caminha
Pensando que a morte é certa

Ele andava com cuidado
O medo vinha a galope
Reza pra tudo que é santo
Pra que assombração não tope

De repente um barulho
Vindo do meio do mato
Pro santo ele pede ajuda
Com o diabo faz trato

Ele ouve o caminhar
Que vem chegando pra perto
Aumenta a reza e o trato
Agora o perigo é certo

Escutava mas não via
O que se aproximava
Sentiu um peso na calça
Que já estava molhada

Caiu de joelhos por terra
Implorando proteção
Confessou os seus pecados
E logo pediu perdão

Saiu do mato um cachorro
Magro, doente e cansado
Viu o homem de joelhos
O rabo todo cagado
Soltou um latido fraco
De dó daquele coitado.

sertão

SERTÃO
O caboclo nasce pobre
Pouca roupa e pé no chão
Gente não falta na casa
Pai, mãe e muito irmão

Educação é aquela
Que veio dos ancestrais
Lidar com a natureza
Já serve, tá bom demais!

Ler e escrever não carece
Isso é coisa pra doutor
Que vale é barriga cheia
E o corpo sem sentir dor

Pra distrair joga truco
Malha e até futebol
Se no rio não pega peixe
Bota a culpa no anzol

Sem casar é que não fica
Tem que ser moça donzela
Não há de faltar mulher
Se não for essa é aquela

E bota filho no mundo
Que é nossa obrigação
Pois aonde comem dois
Dá pra comer um montão

Assim a vida vai indo
Seguindo a sua linha
Chegando dia de festa
No almoço tem galinha
Se for dia de trabalho
Arroz, feijão e farinha


Se filho fica doente
A benzedeira aparece
Chá de erva e benzimento
Seguido de muita prece
Se isso tudo não der jeito
Paciência, o filho falece

Se um morre ele faz outro
Pra ocupar o lugar
Se não morrer, faz também
O que não pode é parar

Um dia é ele que vai
Pra conhecer o além
Depois da noite rezando
Fecha o caixão, diz amém.

falta

FALTA

Que falta você me faz!
É duro não ter você
Antes tivesse um vazio
Mas estou cheio de dor
Te quero e te amo tanto
Mas não posso desfrutar
O que representas pra mim

Te amo e estas perdida
Não sabes pra onde ir
A emoção que tens por mim
Te obriga a me rejeitar
Se não tivesses nenhuma
Poderias me curtir
No que te interessasse
Mas como me tens amor
Sem conseguir me aceitar
Repudias o que sou
Sem ter que repudiar

Estas perdida em ti mesma
Não sabes pra onde ir
O tempo que te consome
Te faz querer algo mais
Mas nåo sabes se possível
Nem exatamente o que
Por isso sofres aí
Enquanto eu pereço aqui.

estou

ESTOU
Amigo essa mulher
Que hoje está a seu lado
Vai viver por muitos anos
Lembrando nosso passado

Eu amei e ela me amou
Com uma louca paixão
Com carinhos delirantes
Na cama banho ou no chão
Muito prazer envolvia
Amor carinho e tesão

Tudo o que nós vivemos
Ultrapassou a fronteira
Companheirismo e amizade
Seriedade e brincadeira
Quem não pode perceber
Pensa que é só besteira

Não tem dinheiro no mundo
Que pague o que vivemos
Tão grande felicidade
Pra pagar o que sofremos
Impossível é esquecer
Tanto e tudo que aprendemos

Tenho pena de você
Não porque seja coitado
Mas considero impossível
Que como eu seja amado
Por mais que a aproveite
É pouco do aproveitado

Comigo ela viu o mundo
De um jeito bem diferente
Com valores pouco usados
Idéias quase dementes
Mas com total liberdade
Junto a mim ela era gente

Hoje talvez tenha muito
Do que comigo não tinha
Coisas que o dinheiro compra
Mas comigo foi rainha
Mereceu todo respeito
Que por ela tanto eu tinha

A vida nos dá e nos tira
Tudo é um grande mistério
Chega na maternidade
Caminha pro cimitério
Com ela vivi tão grande
Um verdadeiro império

Portanto meu companheiro
Não invejo teu destino
Não terá tudo que tive
De velho virei menino
Tive amiga companheira
Seu tesão foi o meu hino

Hoje choro sua falta
Por não ter o que já tive
A tristeza é profunda
Porque em mim ainda vive
A loucura da paixão
Mesmo que dela não prive

Impossível é esquecer
Tudo o que nós vivemos
Quem vir a viver conosco
Não terá o que tivemos
Mesmo se esforçando muito
Por mais que seja, ainda é menos

Você não pode saber
Acho que nem nós sabemos
Nosso amor foi tão intenso
Foi tão grande o que vivemos
Por mais que tudo se acabe
Sobrará o que ainda temos

Lembro seu corpo desnudo
Nas margens do rio Miranda
Compondo com a paisagem
Como uma linda ciranda
Dançando entre as folhagens
Linda visagem que anda

Com certeza ele entra
Buscando suas entranhas
O amor dela é comigo
Nas sensações mais estranhas
Na cabeça estou presente
Em aventuras tamanhas

A poesia acima
Fiz pra agradar meu ego
Mas ele é que está com ela
Eu pendurado num prego
Ele desfruta os sabores
Isto é vingança, não nego

pai

PAI
As coisas estavam ruins
No país em que nascera
Casara e já tinha um filho
Mas a vida não crescera

Buscando o crescimento
Deixou o pai e irmãos
Cunhados e sobrinhada
Em busca de sonhos bons

Carregou mulher e filho
E num navio embarcaram
Rumo ao desconhecido
Depois de duas semanas
Na nova terra chegaram

Trabalho era difícil
De ajuda precisou
De saudade de sua terra
Escondido ele chorou

A fortuna não chegava
E voltar não dava mais
Precisava ir em frente
Não desistia jamais

Mais um filho e uma filha
Aumentaram a família
Sem capital e conforto
Tudo pouco até mobília

Conseguiu vencer a luta
A família carregando
Muito pouco de sorrisos
Muito tempo trabalhando

A idade avançando
Não pôde mais trabalhar
Não porque não quisesse
Foi obrigado a parar
Porque trabalho não tinha
Obrigado a vadiar

Isso foi grande castigo
Trancou-o dentro de si
Monotonia de vida
Marasmo está ali

O trabalho foi sua vida
Foi a sua diversão
Não soube viver sem ele
Se deixou ficar então
Como quem vive a morte
Sem parar o coração

chico

CHICO
Conheci esse caboco
Há muitos anos atraz
Faz tanto tempo que o ano
Não consigo lembrar mais

Um amigo dele e meu
Que já foi para o além
Foi quem nos apresentou
Virou amigo também

Companheiros no trabalho
Trabalho com dependentes
De bebida e outras drogas
Buscando vida decente

Sofrimento e alegria
Marcaram essa amizade
Dificuldades mostraram
Os amigos de verdade

Amizade bate forte
Como se fosse martelo
O nome desse caboco
Meu amigo Chico Belo.

mentiroso

MENTIROSO
Era um rapazinho baixo
De cabelo arrepiado
Falava pros cotovelos
Palavreado enrolado

Contar verdade é difícil
Para esse rapazinho
Mentindo em cada palavra
Se sente um grande reizinho

Mentindo ele se enrola
Se vira mas não desmente
O caboclinho safado
Acredita que é decente

A mentira vem depressa
E ele fica contente
Nem sabe o que está dizendo
Só quer enganar a gente

É burro mas não se importa
Pra que saber a verdade
Se enganando os outros
Se sente tão a vontade

No que diz ninguém mais crê
Riem do que ele conta
Pequeno grande coitado
Quando ele pensa que monta
Está é sendo montado

Mentira tem perna curta
Diz o dito popular
Quem muito pula quer chumbo
Sentindo o rabo queimar.

50 anos

50 ANOS

Cinqüenta anos é uma vida,
Quarenta anos também.
Qualquer idade o é.
Não importa a duração e sim a qualidade.

Não me arrependo do que fiz,
Mesmo porque já está feito,
Mas faria diferente
Com certeza muita coisa.
Estou vivendo e aprendendo
E isso me faz mudar.

Viver é sentir.
Viver é pensar.
Viver é agir.
Viver é errar,
Em busca do certo,
Em busca do bom,
Em busca de mim,
Em busca de ti,
Em busca de alguém.
Viver é viver!

Quanto tempo não vivi,
Não sorri felicidade,
Chorei tristezas demais,
Disto sim eu me arrependo.
Do amor que desfrutei
Não me arrependo jamais

Tu queres ver-me feliz?
Dá-me amor e toma o meu,
Não questiones o que somos.
O que és nem o que sou,
Somos amor simplesmente,
O resto perde o valor.

campo grande

CAMPO GRANDE
Campo Grande tão cantada
Por gente de qualidade
Quem canta agora sou eu
Sentindo a dor da saudade

Cheguei ai procurando
Uma vida diferente
Era um novo desafio
Que eu tinha pela frente

Amizades muito grandes
Desamizades também
Senti que estava perdido
Quando perdi o meu bem

Ela me disse adeus
Senti minha vida acabar
Viver sem ela a meu lado
Sem ela estar para amar
Viver é só sacrifício
Sofrer, doer e chorar

Procurei com toda força
Motivos para viver
Foi dificil, muito triste
Só esperava morrer

Ela voltou para mim
Me devolveu a razão
De continuar vivendo
Com amor e com paixão

A felicidade pobre
Enriqueceu minha vida
Me curou todos os males
Cicatrizando a ferida

O trabalho não deu certo
Que importa isso em fim
Tudo foi muito barato
Devolvendo ela pra mim

Adeus, já vou Campo Grande
Em busca de algum lugar
Adeus amigos que deixo
Que espero um dia encontrar

Adeus Baiano e Buiú
Que tanto apoio me deram
Nas horas de sofrimento
Agradecer-vos eu quero

Espero voltar um dia
Pra Campo Grande rever
Espero estar feliz
Pra sorrir e agradecer

estrada

ESTRADA
Pela estrada da fazenda
Que vai dar na principal
Se foi a felicidade
E chegou um grande mal

Chegamos por essa estrada
Pra construir nosso ninho
Era grande o amor
Enorme era o carinho

Vivíamos um pro outro
Com respeito e paixão
Amizade muito forte
Sem igual nesse sertão

Por essa estrada eu corria
Correndo pro meu amor
Voltando pro nosso ninho
Pra receber seu calor

Tanto amor e amizade
Certamente era invejada
Um marido tão feliz
Uma mulher tão amada

Porém o mistério veio
Visitar nossa morada
Fez meu amor ir embora
Que partiu por essa estrada

Hoje eu ando sozinho
Percorrendo a mesma estrada
Antes andava com ela
Com minha amiga amada

Hoje olho pra estrada
A tristeza faz chorar
Sentindo falta daquela
Que talvez não vá voltar

Sinto muito por aqueles
Que não tiveram amor
Sinto uma inveja tremenda
De quem não sofre esta dor.

roça

ROÇA
Deixei a cidade grande e na roça fui morar
Por não aguentar o sufoco e a grande confusão
Deixei o que construíra e o que ia construir
Pra morar naquela serra no alto do espigão

Roçar o pasto fazia o meu suor derramar
Na horta punha esterco pras hortaliças crescer
Plantei milho e cenoura, mandioca e feijão
Criei porcos e galinhas pra ver os bichos crescer.

peão

PEÃO
Ao perder um grande amor
O peão cai em desgraça
O boteco vira igreja
Oração vira cachaça

Grita chora cai de bruço
Mostrando a sua dor
Bebe pra esquecer aquela
Que levou o seu amor

De bicicleta ou cavalo
Caindo pelo caminho
Quanto mais bebe mais lembra
Que já não tem o carinho

Vomita e mija na calça
Rola no barro ou poeira
Vai bebendo sua vida
Que agora é só besteira

Trabalhar é quase nada
Bebe muito sem comer
A desgraça mora nele
Mas não consegue morrer

Quanto mais bebe mais lembra
Do seu amor que se foi
Chama a mulher de vaca
Se considera um boi

Reza pra Nossa Senhora
Que acabe com seu sofrer
Encharcado de cachaça
Achando que nada fez para isso merecer.

Uns lhe dão algum conselho
Outros riem pra valer
Uns tem pena do coitado
Outros gostam do sofrer

Por mais que beba e não coma
Que durma sob a geada
Não morre e vai sofrendo
Tropicando pela estrada

Se Deus olhasse pra ele
Tivesse dó do coitado
Dava outro amor pra ele
Pra poder recuperá-lo

Mais acho que Deus não viu
O serviço do Capeta
Que caprichou no sofrer
Jogando aquele coitado bem no fundo da valeta.

Briga Deus com o diabo
Luta do bem contra o mal
Um junta homem e mulher
Outro separa o casal
A gente paga a conta
Desse grande carnaval.

pinhão velho

PINHÃO VELHO
Na fazenda Pinhão Velho
Com meu amor fui morar
Buscando tranqüilidade
Pra nossa vida levar

Curtir a tranqüilidade
Daquele belo lugar
Fazer ali nosso ninho
Para viver e amar

Contar as vacas e bois
Ver nascer os seus bezerros
Devagar roçar o pasto
Buscando acertos, sem erros

No galinheiro galinhas
Criando os seus pintinhos
Ovos frescos pra despesa
Pro amor muito carinho

Uns porcos lá no chiqueiro
Criando e engordando
Dando um pouco de trabalho
Pro amor ir cultivando

Rotina só no trabalho
Movimento pro amor
Viver a vida pacata
No relacionamento ardor

As coisas iam se pondo
Devagar no seu lugar
Erros buscando acertos
Para a vida melhorar

Cinco vacas já domadas
Davam leite com fartura
Pra queijos e pra despesa
Tranqüilidade futura

De manhã roçava o pasto
Melhorando devagar
O mato ia caindo
Melhor pro gado pastar

De vez em quando parava
Deixava o gancho no chão
Admirava a paisagem
Do alto do espigão

Meu amor vendia coisas
Pra banho quarto e cozinha
Andando nas redondezas
No carro que a gente tinha

Era pra ganhar dinheiro
Mais pra quebrar a rotina
Sem ter grande compromisso
Sem apertar a botina

Um erro foi cometido
Deixando a vida rolar
Deixando a filosofia
Fraquejar, quase parar.

De repente o mistério
Deu o seu golpe fatal
Levou meu amor embora
Me causou tremendo mal

Hoje aqui na Pinhão Velho
Continuo a roçar
Tirar o leite das vacas
Os porcos alimentar

Dou milho para as galinhas
Lavo roupa e limpo a casa
Comida não me apetece
Lamento minha desgraça

Escrevo as minhas dores
Analiso pensamentos
Choro a minha desdita
Sofro todos sofrimentos

A vida perdeu a graça
Pra quem viveu como eu
Ficar sem o seu amor
Não vive mais, já morreu

Mas a vida continua
Me arrasta no seu mistério
Luto contra o sofrimento
Quero sorrir, estou sério

Pensamentos que não quero
Enchem a minha cabeça
Procuro me livrar deles
Antes que a razão faleça

É uma luta desigual
A emoção joga duro
Pensamentos atropelam
Distorcendo o que era puro

É duro ver meu amor
Percorrendo o descaminho
Procurando sem saber
O que está no nosso ninho

Ela tem que lutar muito
Descobrir o que a destroi
Estudar esse mistério
Que dá trabalho e dói

Seu futuro é promissor
Pode ganhar grande altura
Com razão e emoção
Estudo e muita ternura

Porém uma escolha errada
Num trevo desse caminho
Pode desviar seu rumo
Para um futuro mesquinho

Tomara que o mistério
A guie no rumo certo
Que ela faça sua parte
Que a razão fique por perto

Eu aqui na Pinhão Velho
Vou lutando contra a dor
Sabendo que ela só acaba
Começando outro amor

Enquanto o amor não chegar
Se é que ele chegará
Vou sofrendo meu destino
Esperando o que virá

viola

VIOLA
Ah! se eu soubesse
Tocar viola de pinho
Afogava essa mágoa
Em Tião Carreiro e Pardinho

Dedilhando suas cordas
Tirava do coração
Essa tristeza infinita
Na forma de uma canção

Infelizmente nas cordas
Não consigo posição
Os dedos não se controlam
Como a dor no coração

Da viola desisti
Convencido não poder
Gostaria desistir
Dessa dor que faz sofrer

A música canta a dor
De um amor despedaçado
Alivia o coração
E o peito amargurado

Toca viola e sanfona
Canta sentido ó cantor
Traduz a minha tristeza
Leva embora a minha dor

Cantar os males espanta
Diz o dito popular
O meu canto sai molhado
Pois não consigo parar
De lamentar meu sofrer
Que me obriga a chorar

Queria estar feliz
Distribuindo alegria
Cantando modas alegres
Festejando noite e dia
Alegrando as pessoas
Curtindo a vida e a folia

Gostaria mas não posso
Não consigo esquecer
Minha mente me castiga
Alimenta meu sofrer
Tento pensar no melhor
Mas não deixa de doer

Só espero que ela volte
Que me devolva o viver
Que traga a felicidade
Que acabe com o sofrer

Dirão que eu sou um bobo
Idiota e chorão
Que não tenho inteligência
Que só ouço o coração

Acredito pensar muito
Pensando até demais
Filosofando a tragédia
Buscando causas lá atrás
A emoção me castiga
Mas não me entrego jamais

Cada ruido que ouço
Penso que ela está chegando
Gostaria esquecê-la
Mas continuo amando

dependência

DEPENDÊNCIA
Só de chegar perto dela
Só de achar que está lá
O peito fica apertado
Respirar normal não dá.

Ah! meu Deus como queria
Ficar livre desse aperto
Parar de chorar sozinho
Ter um futuro mais certo

Quanto isso vai durar
Me pergunto a toda hora
Será que passará logo
Ou a dor ainda demora

Viver assim é um suplício
Só agonia e amargura
É uma tristeza profunda
Solidão que não tem cura.

Se eu tiver tanto pecado
Que mereça esse castigo
Saíram sem consciência
Sem saber ter cometido

Se o objetivo for
Me castigar pra valer
Não poderia castigo
Mais sofrível escolher.

Perdi a mulher que amo
Perdi a sua amizade
Só me sobrou sofrimento
sofrimento da maldade.

Pode ser que ela não volte
É capaz, quem vai saber
O amor estará perdido
Todo mundo vai perder
De pessoa encantadora
A causadora de sofrer

Estou chorando e sofrendo
E o pensamento maltrata
Não dá folga, não esquece
O lembrar é uma chibata

Eu que já fui tão feliz
Tô pagando preço alto
Gargalhei felicidade
Choro me pega de assalto.
Hoje no escuro do poço
Ontem com a luz do alto

Pensei que ela voltava
Minha dor diminuiu
Mas ao invés de voltar
Pra mais longe ela partiu

No começo fugi dela
Não cri que pudesse tê-la
Degustei os seus sabores
E o amargor de perdê-la

Quem do amor pode saber
De onde ele aparece
Ilumina nosso dia
Ao ir a noite escurece
Ao chegar traz alegria
Ao partir tudo entristece

Ah tristeza como é triste
Sofrer de falta de amor
De amor que já tivemos
A perda é que causa a dor

O muito que fui feliz
Agora não vale nada
Felicidade em taça
Que agora está virada
Só enchendo ela de novo
Pra essa dor ver expulsada

Parece que essa fonte
De sofrimento e dor
Cresce indefinidamente
Gelando qualquer calor
Realçando a tristeza
Maltratando o amor

adrenalina

ADRENALINA
Esperar amedrontado
Adrenalina fervendo
O sangue para nas veias
Os nervos todos tremendo

O choro rega a tristeza
Sem controle ele sai
Em silêncio ou ruidoso
Do rosto no peito cai

Ah! tempo como demoras
Pra gastar o que ainda falta
Segundos demoram horas
Adrenalina em alta

Se conseguisse dormir
Pra não perceber o tempo
Ajudaria na espera
Acelerando o que é lento

Se puder tê-la de novo
Esse choro tão chorado
Terá regado o terreno
Pra amar e ser amado

Só de pensar no contrário
O peito fica sem ar
A angústia toma conta
É difícil respirar

Mistério me acuda logo
Decida o que vai ser
Me leva pro paraíso
Se não, me deixa morrer.

calor

CALOR
Quando o amor nos aquece
Sobre nuvens caminhamos
Derrama felicidade
Só de ver a quem amamos

Tocar em quem tanto amamos
Nos dispara o coração
Não podendo tocar mais
Bate forte a solidão.

É uma estrada tão curta
Desde o viver ao morrer
Do delirar do amor
Ao amor deixar de ser.

Ver o amor ir embora
Dá uma dor lancinante
Perde-se o rumo da vida
A tristeza vira amante

É um jogo muito duro
Com regras desconhecidas
É como jogar no escuro
Entre dores e feridas

Saudade de ser feliz
Saudade de tanto amor
Saudade de tanta vida
presença de tanta dor

Saber que pode voltar
Me enche de adrenalina
Cada segundo é um ano
O tempo nunca termina

Mas pode ser que não volte
Se não voltar sigo em frente
Esta vida quase morte
Lucidez quase demente

A emoção me maltrata
Judia sem compaixão
Me encharca de amargura
Me arrasta pelo chão

Viver sem ela não dá
Não é vida é sofrimento
Sofro pela falta dela
Me castiga o pensamento

Me maltrata o pensamento
Pensamento involuntário
Me esforço pra esquecer
O resultado é contrário

Minhas lágrimas não secam
Meu soluço não tem fim
Me agarro na esperança
Que ela volte pra mim

Dependerá do mistério
O rumo do meu destino
Se vou chorar pela vida
Ou sorrir como menino.

Te imploro ó mistério
Que tenhas pena de mim
Ou permites que ela volte
Ou faz chegar o meu fim.

Depois de ser tão feliz
Mergulhar nesta tristeza
É cobrar sem piedade
Maldade com sutileza

Estou pagando agora
O que recebi outrora

pasmaceira

PASMACEIRA
Me dá uma pasmaceira
Vontade de não fazer
Sinto estar meio vivo
Sinto metade morrer

Reajo me segurando
Tento só me segurar
Quero agir e fazer algo
Mas só consigo parar

Me esforço pra levantar
Tento andar, até correr
A amargura vai junto
E me faz esmorecer

Ter sido dono de tudo
Sentir-se só e sem nada
Toda a riqueza que tive
Era a mulher amada

Agora o que sobrou
Ë pouco, pouco valor
Se perdi tudo que tinha
Foi por ter demais amor.

tribunal

TRIBUNAL
Meu amor foi condenado
Sem delito cometer
A pena exagerada
Me condenou a sofrer

Não tive advogados
Ninguém pra me defender
Consideraram normal
O meu triste padecer

Fui condenado sem culpa
Não há como recorrer
Estou preso em mim mesmo
Impedido de esquecer

Mente por que não relaxas
O melhor é esquecer
Já não podes fazer nada
Conformismo é saber

O saber acha que sabe
Mas nada pode fazer
Suas forças não lhe chegam
Pra se opor a tal poder

Resta-me cumprir o tempo
Da minha condenação
Não conheço esse tempo
Que ficarei na prisão

Só me resta a esperança
Sem saber o que virá
Se ainda serei feliz
Ou se a morte chegará
Porque sofrer mais que isso
Muito impossível será.

sem amargura

SEM AMARGURA
O que foi feito daquele amor que é só meu
Daquele amor mais do que paixão
Que é a razão do nosso querer
Pra onde foram tantas promessas que nos fizemos
Tenho certeza que aquele amor não pode morrer

Sei que agora ela está vivendo bem mais feliz
Dizendo ainda que nunca houve amor entre nós
Pois ela sonha com a riqueza que nunca tive
Com a pobreza nunca sofreste
Deixemos que ela seja feliz

Vai com Deus seja feliz com seu amado
O meu peito fica trancado até o dia que ela voltar
Eu só desejo que a boa sorte siga teus passos
Mas se tiveres algum fracasso
Tenho certeza ela vai voltar.

diabo

DIABO
Qué vê o diabo bravo
Sortá fogo pro nariz
É só mostrá um sorriso
Demonstrá que tá feliz

Si tivé muié bonita
I vivê com muito amô
O diabo num sucega
Enquanto num causá dô

O bicho num dá sucego
Atasana quem é bom
Pois o ruim já tá no papo
Vai pro tacho sem perdão

pagamento

PAGAMENTO
Estes olhos que hoje choram
Já riram muito também
Onde hoje a tristeza impera
Já houve felicidade maior que o próprio além

Este peito amargurado
Que me aperta o coração
Já esteve inundado
de amor e de paixão

Sofre porque já viveu felicidade infinita
Lamenta a perda de alguém
Que foi o seu grande amor
Curtiu a grande paixão
E agora se vê perdido
Chorando na solidão

Deveria agradecer o que recebeu outrora
Porém se esquece que aquilo
Lhe foi dado de presente
Felicidade passada
Agora longe, ausente.

Chora a perda de algo
Que teve completamente
Que o inundou de alegria
No coração, corpo e mente
Que lhe deu tanto prazer
Prazer de um amor ardente
De carinho e amizade
Tudo abundante, presente

Ver-se agora abandonado
Sem amor e sem carinho
Com a mente atormentada
Só espinhos no caminho
Parar de chorar não pode
Ao sentir-se tão sozinho
É um martírio a lembrança
De quem ocupou seu ninho
Ela uma ave mui linda
Ele o seu passarinho

É um mistério indesvendável
Que dirige nossa vida
Nos enche de alegria
Depois abre a ferida
Nos dá a felicidade
Pra que a sintamos perdida
Nos faz rir a gargalhadas
Nos deixa a alma partida

Só nos cabe lamentar
Perder o que nos foi dado
E tirado brutalmente
Deixado lá no passado
Pondo no peito a ferida
Do coração transpassado

Sem querer segue vivendo
Pra não deixar de sofrer
A vida vira um martírio
implora para morrer

A vida é um caminho
Que temos que percorrer
Curtiremos alegria
Mas teremos que sofrer
A felicidade acaba
Chega a hora de perder
Ganhar prêmios e perdê-los
Viver pra depois morrer

A vida é uma roda
Que sobe e vai ao fundo
Quanto maior essa roda
Vai mais alto
E vai mais fundo
Nos alegra na subida
Na descida mata o mundo.

Por mais que a gente se esforce
Não cuida bem do amor
Por ele estar disponível
muito abaixa seu valor
Valor volta a aparecer
Quando o fim causa dor
Porém já pode ser tarde
Murchou de todo a flor

aperto

APERTO
Quando a saudade bate
O peito apertado dói
O amor dá cor à vida
O fim dele a destroi

No início nos eleva
A mais alta das alturas
No final é só tristeza
Solidão e amargura

Coração ainda bate
Não deveria bater
Apanhar seria o certo
mais certo ainda morrer

Com ela queria a vida
Sem ela quero morrer
Com ela felicidade
Sem ela é só sofrer

Seria só esquecer
Pra vida continuar
Mas esquecer não consigo
Nem consigo me matar

Mórbida é a tristeza
Mórbido é o fim da paixão
Depois de ser tão feliz
Me sinto na escuridão

Vida por que prossegues
Se não tens onde chegar
Viver é só amargura
Se ela não me amar

Só tristeza e amargura
Por que tenho que sofrer?
Me deixa a cabeça inerte
Ou então deixe morrer

Não vivo e também não morro
Vegeto neste sofrer
Tenho inveja de quem luta
Para a vida não morrer

Só consigo ver tristeza
Não me livro dessa dor
Eu consegui tudo isso
Por viver um grande amor

Só se perde o que já se teve

voltará?

VOLTARÁ?
O sol se põe no horizonte
Minha esperança também
Ele volta amanhã
E ela, será que vem?

Eu já deveria estar
Afeito a contrariedades
Mas sou burro e continuo
Sofrendo com as maldades

Se um amigo me abandona
Sinto forte e muito fundo
Sinto o frio da sargeta
Indignação com o mundo

egoísmo

EGOÍSMO
Quando me procuras corro
Pra tI, pra te socorrer
Quando te procuro corres
Pra fugir do meu sofrer

Me dá prazer ajudar
Socorrer as tuas faltas
Me procuras se estou bem
Se estou mal sinto tua falta

Sorte tua que consegues
O remorso não sentir
Abandonando o amigo
Quando algo o ferir

Que bom deitar e dormir
Não pensar no sofrimento
Virar as costas pro amigo
Sem ter arrependimento

Planta e cuida dessa roça
Cultiva o egoísmo
Mas não reclame se outros
Empregarem teu cinismo

Crês em Deus e outros santos
Até cumpres rituais
Mas frente ao semelhante
És pior que os animais.



Não sei qual a pior resposta a um questionamento: se o absurdo ou o silêncio.

sonho

SONHO
Sonhei um sonho sonhado
Vivia uma vida infinita
Nasci nos teus braços
Respirava teus suspiros
Mamava no teu amor
Me embalavas com carinho
Repreendias com perdão
Aprendias com meus passos
Me ensinavas caminhar
Enxugavas o meu pranto
Choravas a minha dor
Apontavas os meus erros
Me cobravas correção
Me afagavas com carinho
Me beijavas com paixão
Me fazias delirar
Me matavas de tesão
Me chamaste com um tranco
Me fizeste acordar
VI tuas costas indo embora
VI minha vida despencar!


Talvez seja tarde demais pra mim hoje
Pode ser tarde demais pra você amanhã.

pedra

PEDRA
No meio do caminho tinha uma pedra.
Terá sido colocada?
Quem coloca pedras no caminho?
Tropeçaram nela?
Quem?
Por que?
Cadê a pedra?
Quem tirou?
E agora?

quando

QUANDO
Quando querer?
Quando sonhar?
Quando partir?
Quando voltar?
Quando avançar?
Quando recuar?
Quando lutar?
Quando fugir?
Quando enfrentar?
Quando mostrar?
Quando esconder?
Quando sorrir?
Quando chorar?
Quando dar?
Quando pedir?
Quando exigir?
Quando negar?
Quando gritar?
Quando calar?
Quando acariciar?
Quando agredir?
Quando partir?
Quando matar?
Quando salvar?
Quando...?
Quando...?
Quando...?

dúvidas

DÚVIDAS
Esperanças sonhadas
Sonhos esperançosos
Paridos, abortados, aprisionados
Crescidos, saudáveis, mórbidos, mortos
Quem somos?
Geradores? parteiros? reparadores?
Carcereiros? alimentadores ou assassinos?
Onde estão os limites?
Entre a coragem e a loucura
Entre a ousadia e o suicídio
Entre a utopia e a realidade
Como conseguir sem tentar?
Como tentar sem poder?
Como saber o poder?
Como poder o saber?
Como realizar a fantasia?
Como fantasiar a realidade?
Matar o sonho
Sonhar a vida
Viver a morte
Morrer de amor.

coitado

COITADO
Ah! coração coitado
Que têmpera deves ter
Sofredor de tantos choques
Entre alegria e sofrer

Te levam para as alturas
Te jogam num poço fundo
Te queimam com fogo alto
Logo congelam teu mundo

Até quando agüentarás
Essa vida tresloucada
Tu suportarás os golpes
Ou chegará a parada?

Não consigo te ajudar
Já tentei, sabes que sim
Acreditei que pudesse
Não posso, é demais pra mim

Vai seguindo teu caminho
Até onde agüentares
Vou sofrendo tua dor
Amargando teus pesares

Te carreguei na alegria
Delirei com teu calor
Gostaria não estar
Carregando tua dor.

pro meu amor

PRO MEU AMOR
Lendo o que você escreve
Fico muito emocionado
Sentindo o grande talento
Do meu anjo adorado

Sentir você explodir
Me deixa muito feliz
Por ver o fruto nascer
De tão mimosa raiz

Escrevendo para mim
Você me deixa atiçado
Desejo a tua boca
Esse corpo tão amado
Quero olhar pra você
E ficar extasiado
Derrapar nas tuas curvas
Mergulhar no teu molhado
Me derramando de amor
Me sentindo tão amado
Parece que é fantasia
Algum sonho encantado
Algo que não me atrevi
Nem ao menos ter sonhado
Por não saber existir
Algo tão exagerado
Amor que explode no peito
Ternura por todo lado
Tesão queimando por dentro
Querendo ser saciado
Te buscando com loucura
Por traz, na frente, de lado
Ouvindo o que você diz
Me transforma num tarado
Te bebo, lambo e beijo
Fico todo alucinado
Sentindo a tua boca
Me deixando extasiado
Sugando o meu desejo
Deixando-o todo molhado
Buscando o meu tesão
Sem deixar nada de lado
Mergulhamos um no outro
Até que fique acabado
Nos aconchega a ternura
Num abraço demorado
Agradecendo a sorte
Por nos ter aproximado
Pedindo que dure muito
Que nunca seja passado.

laudelino

LAUDELINO
Perdida naquela serra
No meio de araucárias
Escondida do progresso
Com dificuldades várias
Vivia uma família
Facilidades contrárias

AlI nasceu Laudelino
Gêmeo com uma irmã
Nasceu como tantos outros
De tarde, noite ou manhã

Ter filhos era rotina
Rotina dos casamentos
Nasciam como novilhos
Potros, coelhos, jumentos

Laudelino foi crescendo
Crescendo para o trabalho
Não sabia se era ruim
Ou bom, era só trabalho

Escola? Escrever pra que?
Ler também não é preciso
Trabalhar é o que importa
A vida ensina isso

Roça, casa, criação
Sol, poeira, chuva ou barro
Estórias de Malasartes
Cavalo serve de carro

Casou com dona Maria
E pôs mais gente no mundo
Filhos um atrás do outro
Nesse trabalho foi fundo

Foram oito, vivos seis
Mudaram pra outro canto
Ali os filhos cresceram
A família se firmando

Morreu a filha mais nova
Dezesseis anos de vida
A tristeza tomou conta
No peito abriu a ferida

Filhos casam e separam
Filho bebe até cair
Laudelino se entristece
Vendo seu mundo ruir

Pressionado por Maria
Resolve a roça deixar
Na cidade vê seu mundo
Cair e desmoronar

Logo foi atropelado
Maria foi pro além
Emoção entrou em pane
E o juízo também

Bebeu até o juízo
Não conseguiu suportar
Largou a vida pra traz
Foi com Maria encontrar.

aplacando

APLACANDO
Escrevo pra aplacar a tristeza no meu peito
Coração dilacerado, vazando angustia e dor
Relembrar quanto foi bom
Devia a dor abrandar
Mas dói mais fundo
Fazendo a perda aumentar
Pensei que perdera muito
Mas a perda foi maior
Não só amor, perco a vida
Sem morrer, o que é pior
Quem fabricou o universo
E inventou o amor
Podia te-lo deixado
Imude contra a dor.
Parece que Planejou
Essa tal correspondência
Felicidade presente
Dor e angústia na ausência
No amor correspondido
Nuvens brancas, Paraíso
Ao perdê-lo chove muito
com trovoada e granizo
Amar é sentir-se cheio
Não amar é solidão
Perdê-lo é esvaziar-se
No vazio, na escuridão.

dois

DOIS
Se a emoção me maltrata
Ferindo até a razão
Também a dela agirá
Provocando confusão
Me domina a ansiedade
O timbre do telefone
Que anseio tanto e não vem
Talvez quando ela ligue
E diga que acabou
Vou sentir falta daquela
Ansiedade que parou
A emoção vai ditar
Qual o novo sentimento
Caprichará na escolha
Pra manter o sofrimento
O tempo promoverá
Alguma acomodação
Remendando as feridas
Acalmando o coração.

difícil

DIFÍCIL
Amar é coisa engraçada
Difícil de avaliar
Pode iniciar mansinho
Com o tempo acelerar
Ou começa arrebentando
Diminui até parar

Há tempos que fica estável
Sem cair nem aumentar
Quando sente ameaça
Volta a incendiar
Ou se entrega pra derrota
Definha até acabar.

Amor provoca os extremos
Felicidade infinita
Tristeza extrema e má
Sem vivê-lo não se vive
Vida vazia...banal
Beber o doce do amor
Lambuzado de paixão
Amargar a sua perda
Sofrer com a solidão

indo pra ela

INDO PRA ELA
Eu saí de Campo Grande
Com destino a SP
Era só uma etapa
Meu destino era você.

Parece que o destino
Queria me atrapalhar
Um acidente na estrada
Pra matar ou aleijar
Me pegou já na saída
Mas consegui escapar

Soubesse que te perdia
Bem pouco tempo mais tarde
Ajudaria o destino
Me levar naquela tarde
Mesmo sabendo que fuga
É atitude de covarde.

amargurado

AMARGURADO
Me amaste tanto
Que até vibrava meu coração
Com tanto afeto
Tanto carinho
Dedicação e muito querer
Eu te amava
E tú curtias minha emoção
Era loucura, era vibrante
A nossa paixão

Talvez com outro
Estejas vivendo muito feliz
Se for preciso
Diga não houve amor entre nós
Tú merecias
Eu não te dei
Tudo que devia
Perdoa por não ter conseguido
O meu desejo era dar-te o melhor

Vai com Deus
Seja feliz com o teu amado
Eis aqui um peito magoado
Que muito sofre por te amar
Eu só desejo
Que boa sorte siga seus passos
Mas se tiveres algum fracasso
Creias que ainda te possa ajudar.

sonhando

SONHANDO
Eu sonhei um sonho bobo!
As pessos se amavam
Eram solidárias, humildes
Sabiam que o que sabiam
Era pouco muito pouco
Diante do que não sabiam
Da infinita grandiosidade
As pessoas sorriam, riam, gargalhavam
Reconheciam com facilidade, naturalmente
As fontes de felicidade
Conheciam sua abundância
O sono tranqüilo de uma criança
Seu carinho, seu sorriso
As cores e os vôos dos pássaros
A exuberância das matas, das montanhas
A água nos riachos, lagos, rios e oceanos
A delicadeza bruta das cachoeiras
A chuva saciando a sede da terra
As formas das nuvens, excitando a imaginação
A abóbada celeste pontilhada pelo brilho dos astros
O nascer e o por do sol
Anunciando início e final de dias
Que hoje é último dia do que já viveram
Que amanhã será o primeiro do que viverão
Que o que não puderam ainda fazer
Talvez possa sê-lo amanhã
Reconheciam o valor da inteligência
Compreendiam que a emoção
Sabe e nos indica o que nos é bom
E o que nos faz mal
Usavam a inteligência pra evitar o mau
E viabilizar o bom
Pra aprender o máximo
Pra compreender que podiam saber muito
Que era infinito o que não podiam saber
Juntavam conhecimentos, partilhavam
Sem egoísmo, pro bem
Sabiam-se falíveis
Por isso erravam menos
Aprendiam mais
Ao invés de criticar
Buscavam solução.

prepotente

PREPOTENTE
Acreditou que sabia
E ainda crê saber
Sem dúvidas
So certezas
Prepotência pra valer
Saber não se estabelece
Se aprende
Estudando
Questionando
Ouvindo
Não se conformando
Valorizando a dúvida
Sem se apoiar na certeza
Tudo pode mudar
O certo de hoje
É o errado de amanhã

mistério II

MISTÉRIO II
Mistério que fazes parte
Da vida de todos nós
Buscamos te conhecer
Em nossa mente dás nós
Te desvendar é impossível
Ou mistério não serias
Tú estás por todo lado
Provocando avarias
Porque tentam desvendar-te
Com razão, sem poesia
Deves divertir-te muito
Escondendo-te de nós
Salvar de grandes perigos
Matas quem se crê a salvo
E quem menos te espera
Pode ser teu maior alvo
Pelo amor juntas distantes
Separas quem vinha unido
Pra uns alegria e riso
Pra outros dor e gemido
Vou deixar de perseguir-te
Me coloco a teu dispor
Se possível que me alegres
Se não, que eu agüente a dor.

volta

VOLTA
Só espero que me compreenda
E compreenda o que fez
Pra previnir no futuro
Não se repita outra vez
Claro, vai seguir errando
Como erramos todos nós
Mas é preciso pensar
A emoção que é tão boa
Tem o seu lado atroz
Agora espero sorrindo
A passagem dos segundos
Já não sofro como antes
Com sentimentos imundos
Tomara que ela descubra
O quanto vale pra mim
Que se cuide pois seus erros
Mais que a morte são meu fim
Vou dormir é o que espero
Depois de tanto sofrer
Estou alegre, feliz
Acho que não vou morrer
Sem sentir o seu sucesso
Seu progresso quero ver

Bendito acontecimento
Que me fez tanto enxergar
Descobrindo na emoção
Quanto pode castigar

É traiçoeira e mesquinha
Egoísta e prepotente
Espero poder gritar
Para toda essa gente
Que se cuidem, não pereçam
Lutem com inteligência
Pra dominar esse inferno
A mágoa, a prepotência
Que se entreguem ao amor
Mas se cuidem da paixão
O primeiro te acarinha
A Segunda põe no chão

Dê graças ao poderoso
Quem pôde errar e voltar
Sentir-se vitorioso
E poder recomeçar

Me sinto muito feliz
Sinto dúvida e saudade
Consegui vencer o medo
A emoção e a saudade

Me sinto um pouco herói
Por conseguir resistir
Me abandonaram as forças
Que vinham do meu querer
Mas me valeu a coragem
Não desistir...não morrer.

Me sinto um pouco orgulhoso
Desta maneira que sou
Sofri muito, só eu sei
Mas de pé ainda estou
A vida quer me matar
Teimo e sou o que sou

Maior riqueza no mundo
Alguém não pode querer
Poder dar-se desprendido
Por mais que faça sofrer
Seguir lutando e pensando
Que o amor pode vencer

Nestes versos vibram forte
As veias do coração
Fortalece a inteligência
Ferramenta da razão
Ajudando a quem erra
Trabalhando o perdão
Sabendo que toda culpa
Cabe à maldita emoção

Só peço que tenha forças
Pra continuar lutando
Derrotando a emoção má
A boa sobrepujando
Buscando a felicidade
E a tristeza matando

Ia terminar ali
Mas a página me chama
Vou tentar enchê-la agora
Com palavras de quem ama
Olho o céu e as estrelas
E sua luz me inflama
Estão sobre Campo Grande
Sobre o Junco e Santana

Tomara que não se apaguem
Nem se esqueçam de mim
Testemunharam meu choro
Vêm meu sorriso em fim
Iluminaram a esperança
De quem lutra contra o ruim

Versos e palavras boas
Como vocês fazem falta
No coração de quem sofre
E tem a tristeza alta
Façam da razão a mola
De quem cai mas logo salta

ilusão

ILUSÃO
É a ponta da caneta
Levada pela emoção
Traçando lindas palavras
Com amor e com paixão
Empurrada com carinho
Pelo doce coração

De repente tudo muda
Continua a emoção
Só que agora é só tristeza
Palavras de maldição
A letra feia descreve
O texto da escuridão

Disseste Ter outro amor
Que o nosso teve fim
O meu continua vivo
Nem vais esquecer de mim

Outro pode te dar muito
Coisas que não te comprei
Mas duvido possa dar-te
Tantas coisas que te dei

Dei e não estou cobrando
Se dei foi por Ter pra dar
São coisas que não tem preço
Dinheiro não pode pagar

Recebi do mesmo jeito
E não posso me queixar
Quero ver se outro alguém
Essas coisas vai te dar
Se vai dar valor devido
Ao que você vai doar

Rirás muito no começo
Enquanto for novidade
Nem te lembrarás de mim
Nem serei uma saudade

No entanto o tempo passa
Transforma novo em rotina
As flores perdem perfume
Viram lixo de esquina

Se não houver algo mais
Pra reanimar o amor
A saudade virá forte
Saudade do meu amor
Que não te deu a riqueza
Te deu amor e carinho
Se o prazer não foi bastante
Te ajudou buscar caminho

Te deu ternura, amizade
Sinceridade leal
Respeitou o teu valor
Lutou contra o teu mal

Não terás como esquecer
Tudo que te ofereci
Por mais que outro te dê
Garanto que não perdi

Trocamos coisas que só
Nós dois temos pra trocar
Sentirás a falta disso
Quando o outro te negar
Não será porque não queira
Mas porque não tem pra dar

Poderás encontrar noutro
O que ainda não te dei
Por certo não te dará
Tudo que nunca neguei

Sentirás saudade minha
E talvez, tarde demais
Olhando para o passado
Vendo o que ficou pra trás

Um amor grande, infinito
Um companheiro contente
Te amparando com carinho
Te empurrando para a frente

Vivendo para você
Para o teu crescimento
Dedicando-se inteiro
A você cada momento

será?

SERÁ?
Será que o que você
Está ganhando ai
É suficiente pra pagar
O que estou sofrendo aqui?

Nosso amor nasceu no olhar
O verde com o castanho
Peito a peito, frente a frente
Direto, sincero, estranho

Foi vivido intensamente
E como ninguém viveu
Felicidade foi tanta
Não posso crer que morreu

No dia que ele nasceu
Tocaram flauta e trombone
No dia de sua morte
Tocou foi o telefone

Desculpe, é covardia
Quem procede desse jeito
Se escondendo atrás do fio
Para apunhalar um peito

Peito cheio de saudade
Peito cheio de emoção
Ferido por telefone
Jogado e pisado no chão

É estranho sentir-se morto
Sem parar o coração
Não é morte pois respira
É o trabalho da emoção
Cujo lado bom morreu
Deixando o lado ruim
Que é tinhoso como o cão
O céu que desaparece
O inferno explode no chão.

Tem gente de alma limpa
Humilde e solidária
Noutros a alma escurece
Preteja vira tição
Prepotência e egoísmo
Desde o alto até o chão
O bem que vira maldade
O céu de Deus derrotado
Pelo inferno do cão

mistério

MISTÉRIO
Não te amava
Não te conhecia
Não te sabia existir
Te vI
Te conheci
Te amei
A vida me deu você
Tesouro espetacular
Pensei impossível ser
O desfrutar esse amor
Lutei pra não te amar
Amei esse louco amor
Te perder passou a ser
Do meu viver o pavor
Compreendi que esse amor
Vai além do infinito
Ele vale mais pra mim
Que a minha própria vida
Sei que poderei perdê-lo
Se abrindo grande ferida
Mas se for melhor pra ela
A cura está garantida

devaneio

DEVANEIO
A vida me leva
Eu vou...
Autor ou ator?
Talvez os dois
Me bate a saudade
Me sobra o amor
Me falta a amada
Amar é viver
Amar é gozar
Amar é sofrer
Amar é chorar
Amar é ganhar
Amar é perder
Amo teu olhar
Amo teu calor
Amo teu frescor
Amo teu suor
Amo te ver
Amo te sentir
Sentir tua pele
Teus pelos
Sentir tua boca
Seu interior
Mucosas molhadas
Suspiros de amor
Sentir tua língua
A minha encontrar
Te apertas em mim
As mãos nos percorrem
Os dedos nos buscam
A volúpia aumenta
Sentimos vazar
Sentir o molhado
Me faz delirar
As bocas se afastam
Buscam papilar
Íntimos sabores
Irão encontrar
Sabores e cheiros
Nos fazem vibrar
Texturas molhadas
Treme a emoção
Os corpos ardendo
Buscam se encaixar
Deslizam e roçam
Até se encontrar
Entrar, receber
Delírio de amor
Sentir deslizar
Molhado calor
O gozo explode
Se faz derramar
Encharca a emoção
Vem o relaxar
Físico torpor
A emoção flutua
Leve viajar
Ao mundo do amor
No ato de amar.

solidão

SOLIDÃO
Solidão estás comigo
Mesmo eu não te querendo
Pareces sorrir de mim
Por ver que estou sofrendo

Por que não me abandonas
Fazendo como ela fez
Liberta-me para que eu ame
Ao menos mais uma vez

Não te rias do meu choro
Deixa de me magoar
Não me firas tão profundo
Livra-me deste chorar

Perdi a quem amo tanto
Minha razão de viver
Vou chorar enquanto viva
Na saudade vou morrer