quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

prisão de amor

PRISÄO DE AMOR
O amor está preso no peito.
Seu carcereiro faz tudo para que ele näo tenha o menor contato com o exterior.
Trancou a boca, amarrou a língua, travou os movimentos da musculatura facial.
Porém há movimentos impossíveis de estancar. Os olhos fazem do olhar uma ponte, que deixa que o amor atravesse, gritando sua existência, invadindo através do olhos da amada todo seu ser. O menor contato com a pele da amada, faz fluir esse amor com tal intensidade, que o calor gerado parece queimar o caminho entre esse ponto e o coração.
A que se deve a ineficiência dessa prisão?
O carcereiro se distrai, observando o esforço do amante em tentar descobrir qualquer indício de reciprocidade nos olhos e no tato da amada.
Parece haver tal reciprocidade.
Será verdade? Ou somente a ânsia de que isso seja verdade, causando alucinações?
Como uma jóia rara e preciosa, em comparação a outras comuns, desgastadas pela vulgaridade e não raro falsas, este amor se valoriza ao longo do tempo.
Vencerá o carcereiro ou o amante? Resistirá dito carcereiro à investida da amada, na tentativa de apossar-se daquilo, que sem menor sombra de dúvida, lhe pertence exclusivamente?
Talvez possa resistir se a intenção dela for a de somente aproveitar-se de tal preciosidade. Porém se a investida for transportada pela vontade de unir as paixões, não haverá resistência capaz de vence-la

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