quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

laudelino

LAUDELINO
Perdida naquela serra
No meio de araucárias
Escondida do progresso
Com dificuldades várias
Vivia uma família
Facilidades contrárias

AlI nasceu Laudelino
Gêmeo com uma irmã
Nasceu como tantos outros
De tarde, noite ou manhã

Ter filhos era rotina
Rotina dos casamentos
Nasciam como novilhos
Potros, coelhos, jumentos

Laudelino foi crescendo
Crescendo para o trabalho
Não sabia se era ruim
Ou bom, era só trabalho

Escola? Escrever pra que?
Ler também não é preciso
Trabalhar é o que importa
A vida ensina isso

Roça, casa, criação
Sol, poeira, chuva ou barro
Estórias de Malasartes
Cavalo serve de carro

Casou com dona Maria
E pôs mais gente no mundo
Filhos um atrás do outro
Nesse trabalho foi fundo

Foram oito, vivos seis
Mudaram pra outro canto
Ali os filhos cresceram
A família se firmando

Morreu a filha mais nova
Dezesseis anos de vida
A tristeza tomou conta
No peito abriu a ferida

Filhos casam e separam
Filho bebe até cair
Laudelino se entristece
Vendo seu mundo ruir

Pressionado por Maria
Resolve a roça deixar
Na cidade vê seu mundo
Cair e desmoronar

Logo foi atropelado
Maria foi pro além
Emoção entrou em pane
E o juízo também

Bebeu até o juízo
Não conseguiu suportar
Largou a vida pra traz
Foi com Maria encontrar.

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